terça-feira, 19 de agosto de 2008

Diálogo

Seu Manel, trabalhava em nossa fazenda. De uma bondade especial, parecia mais um beato; vez em quando, chegávamos lá e ele nos dizia que naquela noite tinha chorado muito. Nós, os
jovens, apenas ouvia sua reclamação e ficávamos calados.
Um certo dia, fui até lá com meu Pai. Ao chegarmos os cumprimentos dos dois:
- Como vai Manel, tudo bem?
- Não, num tô bão não. Hoje à noite eu chorei, chorei, chorei muito.
- Porque é que ocê chora Manel? é saudade de seus parentes? de algum amor mal resolvido?
porque filho eu seu que ocê não tem.
- Não, num é sodade de ningém não; é assim: eu dô vontade de chorar, aí eu choro, choro, inté drumí.

Mais tarde...

- Pai, seu Manel não quis dizer porque é que ele chora.
- Ele não fala porque o choro é só dele. É sozinho, na calada da noite, que ele chora. Más os olhos, que é a janela da alma, mosta uma grande tristeza e esta ele não esconde de ninguém.

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