segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Poesia

"A poesia transforma todas as coisas em encanto; exalta a beleza daquilo que é mais belo e acrescenta beleza ao que está mais deformado; atrela o júbilo ao horror, a tristeza ao prazer, a eternidade à mudança; subjuga à união, sob o seu suave grilhão, todas as coisas inconciliáveis." Percy Bysshe Shelley (1792-1822),poeta e escritor inglês.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Evidência

Ser Humano é não ter que humanizar,
é completude, inteireza, estado de graça,
beleza, ação. É realizar!

É flor do Ipê que cai, que desabrocha no frio,
no minuano de junho que inicia em maio.

Parece pufas lilás, convite a acariciar.
Provar sua maciez, abraço de mão sua tez,
perfume de pétalas no ar.

Por mais que pareça completo,
há sempre um desejo secreto
mistérios a desvendar.

E nessa inquietude, um novo horizonte insurge.
Arrumo as malas num instante,
o meu coração palpitante, parece mais quando chego,
e nem ao menos parti;

Abro a porta decidido, lá fora você está.

As flores na resva estendida,
Você, flor mulher, distraída
A flor - dentre as flores - elegida
Com seu brilho fez humanizar.

Fragmentos do amor

Que mistérios há no amor:
Fogo que não crepita? calor que não asfixia?
A mão que criou não explica,
porque tanto parece pouco a corpos que não saciam.

Querer estar sempre juntinho, misturar toda essa energia,
e levar para ti desse encontro, a grandeza que o justo teria.

O ái não é mais de dor, no choro plena alegria,
cada momento é único; o amor tem a sua magia

Este cheiro a me embriagar, sentir em mim seu pulsar,
artificícios explodem e assim,
meu balão começa a inflar, eu conheço um belo lugar,
sonho, flutuar, sensações; impossível o seu relatar.

Para estar novamente a seu lado
e viver toda essa alegria;
Todo o amor que hoje eu tenho prá dar
Este amor todo eu te daria.

Consciente

Adotaria uma forma de vencer sem derrotar;
lutaria, mas por uma causa justa.
Viveria, intensamente, cada momento de busca;
sorriria, mesmo triste, para o outro não chorar.

Cultivaria valores.

Como faz a natureza, usando delicadeza,
desperta o astro rei para a noite descansar.

Observar, se preciso for,
sem ferir nenhum instante
seu estado permanente.

Assim faz aquela Estrela:

Num cintilar de ternura
orienta em noite escura;
O amor que está ausente.

A Espera

Por onde anda meu homem, que demora tanto a vir,
com seu cheiro, esse tempero, que eu reconheço ao sentir?
E beijando a sua boca, alucinada, quase louca
O meu corpo, no seu corpo, anseia tanto dormir.

Tempo senhor de tantos momentos,
peça ao vento esse favor:
Suba montes, desça rios, veja a fonte, beija a flor.

É primavera.....

Sopra baixinho, naquele que por mim espera,
o meu chamado de amor.

Vento, volta e diga a minha amada
Perdoa-me a longa estrada,
estou prestes a chegar.

Pode o sul virar o norte,
noite escura ou chuva forte,
já sei como a encontrar.

Acabou nossa procura,
guardo em mim muita ternura,
que deixei acumular;
Pois de um ponto no horizonte,
ouvido atento e olhar distante,
Eu estava a esperar.

A Irmandade

Ser irmão é o estatos maior, para quem busca no outro o elo que nos une.
É no irmão que encontramos motivos para continuar, quando precisamos ir; conforto, quando cansamos; ânimo, para não parar; certeza, para recomeçar.
Ser irmão, é a proposta de organização que o tempo não apaga. É a simplicidade de ter no Outro, toda a sofisticação que emana do Ser.
Numa irmandade, Jesus confiou o trabalho e falou do amor maior.
As mãos estendidas superam os limites e vislumbra o Outro em sua plenitude; o julgamento é tardio e a união é fraterna.
Irmão é víscera, com o pão dividido; é riso; conjunto humano. É centelha divina que reflete todos no espelho da vida.
Esperamos, porque temos a certeza da sua chegada.
Sejam todos bem vindos!

Des - Humano

Se o mundo fosse de amor,
ninguém padecia de frio por falta de um calor;
humano, de um cobertor, ou cigano,
não, não caberia essa dor.

Por outro lado se houvessem
olhares que enternecem a cada José e Maria,
o encontro tão esperado, de tantos desesperados,
com encanto acontecia.

As flores desabrochadas, em campos do outro lado,
pertenciam ao coração,
das mãos que ofertam carinhos, na pureza de um menino,
o amor pelo irmão.

Ao somar tudo que existe,
sem nada diminuir;
multiplicaria o bem no ato de dividir.

Onde a alma gêmea estivesse
a cara metade sabia.
Liberaria Cupido,
e o sonho de sermos humanos *
não seria interrompido;
Se o mundo fosse de amor.


* "Ser um Ser Humano trarão de volta o sentido dos valores ecônomicos, valores individuais, culturais, espirituais e globais, para viver e existir na plenitude do universo, e de cada planeta habitado por quem tem a ver com o humano, e com tudo o que lhe diz respeito e lhe pertence como legado da vida. O legado da vida é existir com um e com todos. E esse conjunto de existência é estendido pela consciência e pelo movimento físico." O Mestre

Semear

Só me valem as sementes que plantei!
Só elas crescerão e multiplicarão,
só elas garantem o futuro do meu pão.

Cultivo diversas flores de perfumes variados,
que aflora a emoção, no olhar de gratidão,
do amor apaixonado.

Planto árvores frondozas, exemplo de um sombreiro,
regalo práquele corpo que lidou o dia inteiro,
Um verdadeiro descanso para o eterno viajeiro.

Colho frutos saborosos que enriquecem o degustar
num constante ritual de refino ao paladar.

Semeio madeira de lei que sustenta a construção,
esteio, suporte robusto, ultrapassa geração;
referencial de aconchego, bem estar e proteção.

Diálogo

Seu Manel, trabalhava em nossa fazenda. De uma bondade especial, parecia mais um beato; vez em quando, chegávamos lá e ele nos dizia que naquela noite tinha chorado muito. Nós, os
jovens, apenas ouvia sua reclamação e ficávamos calados.
Um certo dia, fui até lá com meu Pai. Ao chegarmos os cumprimentos dos dois:
- Como vai Manel, tudo bem?
- Não, num tô bão não. Hoje à noite eu chorei, chorei, chorei muito.
- Porque é que ocê chora Manel? é saudade de seus parentes? de algum amor mal resolvido?
porque filho eu seu que ocê não tem.
- Não, num é sodade de ningém não; é assim: eu dô vontade de chorar, aí eu choro, choro, inté drumí.

Mais tarde...

- Pai, seu Manel não quis dizer porque é que ele chora.
- Ele não fala porque o choro é só dele. É sozinho, na calada da noite, que ele chora. Más os olhos, que é a janela da alma, mosta uma grande tristeza e esta ele não esconde de ninguém.

Lua Cheia

A lua surge majestosa, clareando a estrada,
projetando as sombras da mata,
convidando amantes, incentivando seresteiro a
surpreender corações.

Eu no meu mundo envolvido,
por vezes fico perdido ante tanta indagação.
Pego a pensar no meu mundo e em cada mundo escondido,
escrito, mas pouco lido em cada palma de mão.

Viajamos num só tempo, com diversos paradeiros;
enquanto eu vou outro vem.
Onde vamos apear?
que distância percorremos? quanto falta prá chegar?

Peço socorro a lua: pa-ta-ti, pa-ta-tá, zum-zum-zum, lê,lê,lê...
ela esconde numa nuvem, quando sai tem menos brilho e
demora responder:
- Pergunte ao sol que tem presença assídua ou,
aquela linda cascata que encanta o olhar na descida.

Para te esclarecer

Eu mudo a força das ondas, indico se vai chover,
mostro a hora de plantar, oriento o pescador,
incentivo a namorar.
Porém....
Eu vivo bem retraída; do muito, pouco eu conheço,
mal troca a fase em que estou, a anterior eu esqueço.

Caminhar

O tempo passa e o movimento é perene.

O que é contínuo não retorna por completo.

O movimento altera o repouso e completa o ciclo.

O descanso complementa o cansaço.

Enquanto dormes alguém velas por ti.
Ao despertar assumes o remo da sua vida;
estás apto para um recomeço e passo a passo,
a história se realiza na vivênvcia.

As pegadas não podem ser apagadas
e nelas cada um está aos pares.

Na vida o barco não fica à deriva.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Perdas

Quanta falta me fez meus pais!
A julgar pela constante presença, dessa ausência, enfim...
muita falta ainda hoje faz,
nem o tempo a tirou de mim.

Nada se fez ou ainda se faz.
só o tempo ameniza a dor
que a separação nos traz.

Se o pensamento pudesse
não nos faria o que faz,
mas é impossível esquecer
quem prá este mundo nos traz;
No olho aumenta o brilho
e a lágrima quente cái;

Desatento

Eu distraído e o tempo correndo
quando percebí estava te perdendo;
assustado gritei, procurei te encontrar
precisava de te ver, despedir, abraçar.


Tinhas partido e eu ficado,
sozinho, sem norte, reclamando da sorte,
tanto eu tinha a dizer,
coração machucado.


Dentro do tempo,
há sempre um tempo para refletir
saudades, eu te perdí.

Na mente confusa,
um gesto de amor para meu despertar:
"difícil é ter que dizer adeus",
outra opção não há.

Ausênsia

O mais difícil, foi a separação!

Quando você partiu,
meu coração em pedaços;
miúdos, distintos, diversos.

Não fosse a força da vida,
teria-me sucumbido,
até ficado perdido e distanciado dos versos.

Seria, apenas, um vaso
a espera de restauração.

Quem se candidataria, no se currículo teria:
doutorado, com formação e mestrado
em assuntos do coração.
Porém esses requisitos, mesmo com esforço infinito,
deixaria a desejar.

No entanto a mão vigidia,
ao retornar bastaria para restabelecer;

E aquele enfermo acamado,
de um salto recuperado - como um cristal lapidado -,
pulsaria por você,
pedaço mais importante que eu só percebo agora.

Por um momento de orgulho,
sozinho, a tatear no escuro,
por pouco...
quase deixei o meu amor ir embora.

Ponto de Interrogação

Por que choras, quando devias sorrir?
A vida continua!
choro porque não sei onde estás,
por não poder ti abraçar,
por não ir onde vais;
choro, poque a saudade em meu peito inda jaz.

Se o meu pranto te entristece,
eu vou para de chrar.
E no vazio de ti, o que porei no lugar?
risos, aquele velho brinquedo.
Saia, divirta-te,
enfrente, de frente, seu medo,
não percas sem antes lutar.

Janelas são sempre bem vindas,
motivos a observar.

Abra o seu melhor sorriso,
por mais pesaroso ou contido,
não faz mais sentido chorar.

Cemintério

Aqui foram confiadas,
para que se cumprisse o ciclo do pó:
"do pó viestes, ao pó tornarás"
as matérias físicas de Dona Silvia,
Seu Darilo, sua filha Odara - que
morreu de parto de seu primogênito -
e sua mãe Dona Joaninha,
que por não suportar a dor de ver a filha morta,
morreu de amor.

Quem passa o tira o chapéu
num respeitoso adeus,
pro filho a difícil saudade
da mãe que não conheceu,
até que um dia a encontre
num abraço que não te deu.

Vida

Eu entendo essa passagem,
como um botão de flor;
cada pétala representa
pedaços de nosso amor.

E quem navegou nesse rio,
com bravura, embora manso,
tem merecido descanso
no colinho do Senhor.

Num olhar meigo e paterno,
repleto do mais puro amor,
confunde-se a criação
com o próprio Criador.

A alma aí se espelha
no brilho desse olhar.
Um está dentro do Outro
e Outro com Ele está.

Como recompensa um lar,
em face do lar que deixou.
No vai-e-vem que é a vida,
o filho em casa chegou.

Um Alvorecer Diferente

Naquela manhã de abril, Aurora, de encantos mil,
me falou bastante triste: faça uns versos prá mim!

Que atitude singuar, ela assim me abordar,
para ouvir algo; enfim...

Como pode Dama tão bela,
nem ao menos ir à janela, ouvir o vento soprar
e assanhar seus cabelos, em meio a tantos segredos
que eu não posso revelar,
acordar entristecida como linda Margarida,
que não quis desabrochar.

Qual carência ela teria:
a ausência de um grande amor?
os pássaros que já voou?
ou era só melancolia?

Ó tristeza indesejada,
deixe em paz a minha amada
porque eu preciso partir.
Aliás, faça algo por ti mesma,
mude sua natureza e comece também a sorrir.

Aurora, aqui estão os seus versos.
Espero que o adverso não ofusque sua alegria,
pois, onde quer que eu esteja,
junto-me à natureza
e venho dizer-te:
Bom dia.